Esse trecho percore um antigo caminho utilizado para escoar ouro não autorizado pela Coroa do interior de Minas Gerais para o Rio de Janeiro. Era conhecido como "atalho do Picu", que passava pela região de Itamonte e foi responsável pela fundação desse povoado. Atualmente esse caminho é conhecido como "Areião" e é utilizado por tropeiros, pequenos produtores rurais e moradores, levando gado, cavalos e queijo entre Campo Redondo, Vargem Grade, Serra Negra e Colina, bairros rurais de Itamonte-MG.

Já chegando no final do Setor “Pedra do Picu”, o caminho é através da Estrada Velha em direção à Colina, bairro rural de Itamonte, porém, sairemos à direita, seguindo por uma trilha estreita, de passagem apertada para apenas um veículo 4x4. Será uma subida contínua e moderada, tendo do seu lado esquerdo, um pequeno córrego no fundo do vale, o Jiroca, que segue para encontrar o rio Furnas lá próximo da Estrada Velha para em seguida, achar o rio Capivari, todos compondo a Bacia do Rio Grande.
 
Após 1km de trilha e a 1.600m de altitude, já estaremos caminhando em terras do Parque Nacional (ParNa) do Itatiaia (PNI), o 1º Parque Nacional do Brasil, criado em 14 de junho de 1937. Após 5.8 km de trilha já dentro do PNI, chegaremos na estrada rural que liga o Brejo da Lapa até a Vargem Grande, no limite noroeste do Parque. Esse ponto marca o final do Setor Pedra do Picu e é um local para pernoite.

No dia seguinte, cruzando a estrada, seguiremos através do campo, na direção da trilha da Pedra Furada. A trilha segue ascendente e em paralelo ao ribeirão da Vargem Grande, porém separado dele pelo maciço rochoso que tem como seu ponto culminante, a Pedra Furada, com 2.600m de altitude, que na verdade são duas pedras encostadas geologicamente há muito tempo, deixando um vão entre elas.
 
Depois de 5.4 km distante da estrada, teremos a nossa direita, a trilha que sobe para a Pedra Furada (1.5 km de subida). Lá do alto, poderemos avistar as ruínas do antigo Hotel Alsene (2.350 m), as Agulhas Negras (2.791 m), o Altar (2.665 m), a Asa do Hermes, o conjunto do Morro do Couto e sua antena e mais ao longe, o maciço da Pedra da Mina (2.798m).
 
Descendo da Pedra Furada em direção à próxima estrada, o que dará uns 250 m de desnível, encontraremos a BR-485, conhecida por Rodovia das Flores, que liga o asfalto de Itamonte-MG, na Garganta do Registro (1.669m de altitude) ao Posto do Marcão (Marco Antônio Moura Botelho) ou Posto de Informação e Controle nr 03 do PNI (2.469 m de altitude) entrada oficial da parte alta do PNI.
 
Ali, após a identificação e confirmação da reserva para pernoite e agendamento Travessia da Serra Negra no PNI, devemos seguir para pernoite no camping Rebouças ou no abrigo de mesmo nome.

Esse é o segundo trecho do Setor Parque Nacional do Itatiaia, e nesse trecho, a Trilha Transmantiqueira se utiliza do traçado da clássica Travessia da Serra Negra, iniciando no Posto Marcão. O caminho segue na direção do Abrigo Rebouças e depois prossegue na direção da base da Pedra do Altar (2.665 m), que convida a uma visita ao seu cume, de onde se tem uma vista 360 graus. Em seguida, a trilha atravessa o Vale do Aiuruoca de onde avista-se os Ovos da Galinha, a Pedra do Sino e a Cachoeira do Aiuruoca (40 m de queda), que por estar localizada à 2.450 metros é considerada a de maior altitude do Brasil. A trilha continua em direção à Invernada e prossegue acompanhando o rio Aiuruoca até Serra Negra, bairro rural de de Itamonte (MG), onde é realizado o pernoite.

O segundo dia começa com a cansativa, mas cênica subida do Morro Cavado, para depois descer lentamente na direção da Vila de Maromba, Resende (RJ), onde é possível se refrescar nas cachoeiras da região.

Para realizar essa travessia e a reserva no Abrigo Rebouças é importante fazer o agendamento e a compra antecipada do ingresso no site do parque:

Nesse setor não existe local para resuprimentos.

Do posto Marcão até a Serra Negra existem vários pontos de abastecimento de água. Da Serra Negra em direção à Maromba existe apenas um nos arredores do topo do Morro Cavado, em uma nascente na mata à margem da trilha que não é muito obvia de se encontrar. Recomendamos para esse trecho o caminhante levar água para o dia inteiro de caminhada.